Se você está lendo isso, é porque, assim como eu, decidiu mergulhar(ou já está submerso kkk) no universo da Engenharia de Dados. Eu não sei como foi para você, mas no meu caso, a jornada não foi exatamente o que eu esperava. Eu tinha uma ideia meio glamourosa de como seria minha carreira: ia dominar as ferramentas, automatizar processos e, em pouco tempo, me tornar indispensável em qualquer equipe. A realidade? Um pouco mais complicada, mas também muito mais enriquecedora.

Ao longo da minha carreira, aprendi algumas lições que ninguém me contou no início – aquelas verdades não ditas que só quem está no campo descobre. E hoje eu quero compartilhar essas lições com você. Não estou aqui para dar fórmulas prontas(até porque não acredito em bala de prata), mas para abrir seus olhos para algumas coisas que podem mudar o jeito como você encara essa profissão. Bora lá?

1. O mito da automação completa

Se tem uma coisa que eu achava que ia revolucionar minha vida era a automação. Sério, quem nunca ouviu que as ferramentas vão “resolver tudo”? Quando comecei a trabalhar com Apache Airflow, Oracle GoldenGate, Databricks e Azure Data Factory, pensei: “Agora vai! Vou automatizar tudo e a vida será mais fácil.” Spoiler: não foi bem assim.

Deixa eu te contar uma verdade que mudou minha perspectiva. Automação é, sim, uma grande aliada. Ela vai poupar horas de trabalho repetitivo e liberar tempo para você focar em coisas mais importantes. Mas… e esse “mas” é importante… ela não substitui o fator humano. E eu vou te explicar por quê.

No fundo, automação lida com o previsível. Ela vai seguir as regras que você definir. Mas, quando os problemas mais complexos surgem – aqueles que exigem adaptação, pensamento crítico e criatividade – adivinha quem entra em cena? Isso mesmo, nós! Não importa o quanto as ferramentas evoluam, sempre vai haver aquela situação em que você precisa parar, respirar fundo e pensar: “Ok, como eu posso resolver isso de forma inteligente?”

Automação é uma ferramenta incrível, mas quem faz a verdadeira diferença é a pessoa que sabe usar a tecnologia a seu favor, sem se deixar enganar pela ideia de que uma máquina vai pensar por ele. E, honestamente, isso me deu uma sensação de propósito. Porque no final das contas, eu percebi que somos nós que damos sentido aos dados. Sem nossa interpretação e análise, é tudo só… dados brutos.

2. O “burnout” é real, e saber dosar é essencial

Agora, vamos falar de algo que quase ninguém gosta de admitir, mas que acontece com muitos de nós: o burnout. Eu me lembro de quando comecei a trabalhar com dados – aquele entusiasmo de resolver problemas complexos me fazia ficar até tarde no escritório ou em casa, na frente da tela. Eu sentia que estava conquistando o mundo, sabe? Mas, com o tempo, isso começou a me cobrar um preço.

Eu cheguei a um ponto em que estava exausto, física e mentalmente. O brilho de resolver desafios começou a se apagar e, de repente, eu não conseguia mais pensar com a mesma clareza. Eu sei que, se você está na área de tecnologia, já ouviu isso antes, mas deixa eu ser direto: cuidar da sua saúde mental é tão importante quanto dominar aquela nova ferramenta ou linguagem.

Saber quando parar é uma habilidade crucial. E sabe o que é engraçado? Quando eu finalmente comecei a definir limites, delegar tarefas e priorizar o que realmente importava, minha produtividade aumentou. Parece contraintuitivo, não é? Mas funciona. Aprendi que não precisamos resolver tudo de uma vez, e que o descanso é uma parte essencial do processo criativo e analítico.

Então, se você ainda está naquela fase de se orgulhar por passar madrugadas a fio trabalhando, eu te entendo. Já estive lá. Mas confia em mim, o caminho sustentável para o sucesso envolve saber dosar e, acima de tudo, se respeitar.

3. Soft Skills: a habilidade mais subestimada

Eu sempre fui muito focado em ser bom tecnicamente. Achava que, se eu dominasse as ferramentas, as linguagens, e fosse o “cara” que resolve qualquer problema de banco de dados, estaria no topo. E até certo ponto, isso é verdade. Mas o que eu não percebia era o quanto as soft skills iam influenciar minha trajetória.

Ninguém me falou que, em muitas situações, a capacidade de me comunicar de forma clara seria tão ou mais importante do que saber otimizar uma consulta SQL. Quando você trabalha com dados, você está no centro de decisões cruciais para o negócio. E, muitas vezes, você vai precisar explicar conceitos complexos para pessoas que não têm a menor ideia do que você faz. Se você não consegue traduzir essas ideias de forma simples e direta, todo o seu trabalho pode perder valor.

Quer um exemplo? Eu me lembro de uma vez em que estava apresentando uma solução de otimização de dados. Eu sabia que minha solução era tecnicamente impecável, mas o que eu não sabia era como mostrar isso de uma maneira que fizesse sentido. Eu estava tão focado nos detalhes técnicos que esqueci de explicar o impacto real para o negócio. No final, eles não compraram minha ideia porque não conseguiam ver o valor.

Foi aí que caiu a ficha. Eu precisava aprender a me comunicar melhor, não apenas com outros técnicos, mas com qualquer pessoa da organização. Hoje, quando vou apresentar uma solução, eu penso primeiro no impacto que isso terá para quem está ouvindo. Qual problema estou resolvendo para eles? Como isso vai ajudar a empresa a alcançar seus objetivos?

E, honestamente, isso fez toda a diferença na minha carreira. Então, se eu puder te dar um conselho, é esse: desenvolva suas soft skills. Aprenda a se comunicar, a negociar, a gerenciar conflitos. Porque no final do dia, não importa o quão tecnicamente habilidoso você seja se ninguém consegue entender o valor do que você faz.

4. A importância de fazer perguntas certas

Lá no início da minha carreira, eu achava que meu trabalho era encontrar as respostas certas. Se alguém me perguntava como resolver um problema, eu ia fundo até descobrir a solução. E, claro, resolver problemas é parte importante do nosso trabalho. Mas sabe o que eu descobri com o tempo? Muitas vezes, as perguntas certas são mais importantes do que as respostas.

Quando eu estava começando, se me pedissem para implementar uma solução, minha primeira pergunta era “Como posso fazer isso funcionar?”. Mas com o tempo, percebi que essa não era a pergunta mais importante. A pergunta que realmente faz diferença é “Por que estamos fazendo isso?“. Quando você começa a questionar o propósito por trás de uma solução, você descobre muito mais do que apenas a resposta técnica.

Quer ver um exemplo? Me pediram uma vez para otimizar um sistema de banco de dados porque ele estava “lento”. Minha primeira reação foi olhar para o código, para as consultas, tentar identificar onde estava o gargalo. Mas aí eu fiz uma pausa e perguntei: “Por que esse sistema precisa ser otimizado? Qual é o impacto dessa lentidão para o negócio?“. Foi aí que o cliente percebeu que o problema não estava na performance do sistema em si, mas na forma como eles estavam utilizando os dados. Com isso, conseguimos desenvolver uma solução muito mais eficaz e que resolveu a raiz do problema, não apenas o sintoma.

Então, aqui vai uma dica valiosa: antes de se apressar para encontrar respostas, aprenda a fazer as perguntas certas. Isso vai te ajudar a ver o problema de uma perspectiva mais ampla e, muitas vezes, a chegar a soluções mais inteligentes e duradouras.

5. Networking é ouro

Eu nunca fui a pessoa mais extrovertida do mundo. Quando eu era mais novo, achava que o importante era ser bom tecnicamente. Se você fizesse um bom trabalho, as pessoas viriam até você, certo? Bom, eu estava parcialmente certo. Ser bom no que faz é crucial, mas o que aprendi ao longo dos anos é que ter uma rede de contatos sólida pode acelerar a sua carreira de maneiras que você nem imagina.

Vou ser sincero: no início, eu subestimava o poder do networking. Achava que não era necessário. Mas aí, algumas oportunidades que eu não esperava começaram a aparecer, e sabe como? Através de pessoas com quem eu tinha construído uma boa relação ao longo dos anos. Contatos que, em muitos casos, não faziam parte da minha rotina de trabalho imediato, mas que sabiam do meu potencial e acabaram me indicando para projetos que mudaram o rumo da minha carreira.

E aqui vai uma dica importante: networking não é apenas sobre “pedir favores” ou “fazer marketing pessoal”. É sobre construir relacionamentos genuínos. É sobre se interessar pelo que os outros estão fazendo, contribuir com o que você pode, e estar disponível para aprender com outras pessoas. Você nunca sabe quem pode te apresentar a uma nova oportunidade, ou quem pode ser aquele mentor que te ajuda a dar o próximo passo na sua carreira.

Se você, assim como eu era, é do tipo que acha que “seu trabalho fala por si”, eu entendo. Mas confia em mim: sair um pouco da sua zona de conforto e investir tempo em conhecer outras pessoas pode abrir portas que o seu trabalho sozinho talvez não consiga. Se conectar com pessoas certas no momento certo é uma habilidade poderosa.

6. Aprender sempre, evoluir sempre

Se tem uma coisa que eu amo na área de Engenharia de Dados é que ela nunca para de evoluir. No início, isso me deixava um pouco ansioso. Eu pensava: “Como vou acompanhar tanta mudança? Ferramentas novas o tempo todo, frameworks, atualizações… é impossível estar 100% atualizado!” E, de fato, é impossível. Mas aqui está o segredo: você não precisa saber tudo.

O importante é ter a mentalidade de aprendizado contínuo. Não importa há quanto tempo você está na carreira ou o quanto você já aprendeu – sempre vai ter algo novo surgindo. E isso é o que torna nossa profissão tão dinâmica e interessante. A chave está em saber onde focar sua atenção.

Eu gosto de encarar cada nova ferramenta ou tecnologia como uma oportunidade de crescer. Ao invés de me desesperar com a quantidade de coisas novas para aprender, eu comecei a focar no que realmente importava para o meu trabalho naquele momento. Por exemplo, se um novo framework de dados apareceu, eu não corro para estudá-lo imediatamente. Eu avalio: “Isso vai me ajudar agora, ou é algo que posso deixar para depois?”

Outro ponto importante: aprender não precisa ser algo solitário. Participe de comunidades, faça cursos, e o mais importante, troque experiências com outros profissionais. Eu aprendi muito mais em conversas casuais com colegas de trabalho e em eventos do que em semanas de estudo por conta própria.

Se você adotar essa mentalidade de crescimento constante, verá que, com o tempo, você vai se destacar naturalmente. Porque no fundo, a tecnologia pode mudar, mas a sua capacidade de se adaptar e aprender é o que vai te manter sempre relevante no mercado.

7. Ninguém faz sucesso sozinho

Vou ser honesto com você: durante muito tempo, eu tentei ser o “faz-tudo”. Aquela pessoa que quer dominar todas as áreas, resolver todos os problemas, estar por dentro de todos os detalhes. Eu achava que isso me tornava indispensável. Mas, na realidade, isso me fez perceber algo bem importante: você não vai longe sozinho.

Quanto mais cedo você entender isso, mais rápido vai conseguir alcançar seus objetivos. Eu demorei um pouco para perceber que delegar tarefas, confiar no trabalho dos outros e colaborar de verdade são habilidades que valem ouro. Quando eu finalmente entendi isso, meu trabalho ficou mais eficiente, menos estressante, e os resultados ficaram muito melhores.

Trabalhar em equipe é essencial. Você pode ser um gênio da tecnologia, mas se não souber trabalhar bem com outras pessoas, o seu crescimento vai ser limitado. E aqui vai uma dica prática: ouça mais. Às vezes, a solução que você está quebrando a cabeça para encontrar pode estar na ideia de um colega, mas você está tão focado em resolver sozinho que não percebe.

Então, ao invés de tentar ser o herói que resolve tudo, aprenda a colaborar, a pedir ajuda e a compartilhar conhecimento. Você vai se surpreender com o quanto isso pode acelerar sua carreira e melhorar a qualidade do seu trabalho.

8. A cultura da empresa importa (muito)

Agora, um ponto que muita gente negligencia: a cultura da empresa. Quando eu estava começando, eu acreditava que, se eu fosse bom no que fazia, qualquer empresa seria um bom lugar para trabalhar. Mas, com o tempo, percebi que não é bem assim. A cultura da empresa onde você trabalha pode fazer toda a diferença no seu bem-estar, na sua produtividade e até no seu sucesso a longo prazo.

Eu já trabalhei em lugares onde a pressão era constante, onde o foco estava apenas nos resultados imediatos, e onde inovação e aprendizado contínuo não eram valorizados. E isso acabou me desgastando muito mais do que eu imaginava. Chegou um momento em que percebi que, por mais que eu gostasse do meu trabalho, eu não estava feliz com o ambiente. E isso começou a afetar minha motivação.

Quando finalmente decidi buscar uma empresa cuja cultura estivesse mais alinhada com meus valores – que valorizasse inovação, aprendizado e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, eu passei a gostar mais do meu trabalho, a me sentir mais motivado, e o impacto que consegui gerar foi muito maior.

Então, se você está em uma empresa onde a cultura não te faz sentir valorizado, não tenha medo de procurar algo melhor. O lugar onde você trabalha deve ser um ambiente onde você se sinta desafiado, mas também apoiado. Um lugar onde você pode crescer não apenas como profissional, mas também como pessoa.


Masssss…. O que realmente importa?

Se você chegou até o fim, espero que essas lições tenham te dado uma nova perspectiva sobre o que significa ser engenheiro de dados. A nossa profissão é incrível, mas também desafiadora. Não se trata apenas de dominar ferramentas e algoritmos – trata-se de ser capaz de interpretar, colaborar, aprender e, acima de tudo, agregar valor de forma estratégica.

A verdade é que ninguém te conta tudo isso quando você começa. Mas se eu puder te dar um conselho final, é este: aproveite a jornada. Seja curioso, aprenda sempre, construa conexões e, acima de tudo, cuide de si mesmo. O sucesso é um caminho que construímos aos poucos, e eu acredito que, com as lições certas, você vai muito longe.

E agora eu quero saber de você: o que você aprendeu até aqui na sua jornada? Vamos trocar ideias e, quem sabe, construir mais algumas boas lições juntos.